quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Zoológico caseiro

Desde criança sempre tive algum animalzinho em casa. Desde muito pequeno convivo com meus melhores amigos, os cães. O primeiro de que tenho lembrança nem ficava em casa. Era o vira-lata chamado Leão que meu avô criava no quintal. Ficava todo o tempo preso a uma corrente e era extremamente bravo. Ninguém chegava perto. Era alimentado usando-se uma vara de bambu que empurrava a lata com a comida. Todos morriam de medo do bicho, mas o mantinham pela segurança que passava. Vai daí que em uma bela tarde, estávamos em visita a meus avós e eis que de repente eu desapareço da sala. Corre daqui, corre dali... um grito! Minha mãe me descobre ao lado do tal cachorro, pendurado a uma orelha, puxando, e o monstro que metia medo a todos pacientemente suportando a dor do meu “carinho” sem sequer mexer um músculo... A dificuldade foi me tirarem dali. O Leão passou a me defender e tiveram que enganá-lo de alguma forma e me puxaram de lá.

Assim começou minha história com animais de estimação. Desde esse tempo até hoje me lembro de raríssimos momentos nos quais não tinha algum bichinho por perto. De todos meus amigos animais, a que mais me faz falta e a quem jamais esquecerei, pelo forte amor que tínhamos é minha cadelinha Pituca, uma Fox Paulistinha (Terrier Brasileiro, se preferirem). Ela viveu conosco por 17 anos e esteve a nosso lado suportando todos os problemas fielmente. Tivemos momentos de bonança e muitos, muitos mesmo de extremo sofrimento. Ela sempre ali, sem nunca reclamar, nos dando seu amor e carinho. Essa foi uma heroína que estará eternamente em nossos corações.

Mas não criei este post para falar dela, isso vai ficar para um momento mais especial. Ela merece bem mais do que apenas algumas linhas. Minha idéia é contar como minha casa foi se transformando em um pequeno zoológico particular. 

Bem, sempre tivemos cães em casa, às vezes mais de um e uma vez chegamos a cinco! E tivemos diversas raças também: Pastor Alemão, Pastor Belga, Fila, Vira-latas, Pequineses e os preferidos, os Fox Paulistinhas. Depois da partida da Pituca, sobrou apenas uma tartaruga tigre d’água que encontramos perdida em uma rua em Peruíbe, quatro anos atrás. Era um filhotinho bem pequenino, não mais de três centímetros. Alguém a comprou e levou para casa, mas por algum motivo se arrependeu e jogou fora. Não entendo como alguém pode ser tão cruel. Achamos que estivesse morta e quando ia jogá-la no mato do terreno baldio em frente, ela deu uma leve mexida em uma das patas. Opa! Está viva! Levamos para casa, cuidamos com todo carinho, demos alimentação e um ambiente adequado. Quando estava forte pensamos em levá-la a algum órgão competente para que fosse cuidada, pois logicamente, tinha sido capturada na natureza de forma ilegal, pois não possuía nenhuma identificação. Mas convença minha família a deixar qualquer bicho sair de casa... Temos um lema, aqui o bicho entra, mas jamais sai... hehehe!!! Pensamos bem e, como bem sabemos, os “órgãos competentes” normalmente não são tão competentes assim. Ela havia se adaptado tão bem em casa, por que não continuar assim? Lá se vão quatro anos, e a Bete (gostaram do nome?) vive bela, feliz e com saúde em seu terrário, onde recebe alimentação de primeira (isso merece um post à parte, acreditem!). É extremamente ativa e curiosa. Mas a coisa não para aí...

Maio de 2010, véspera do dia das mães. Eu e minha filha saímos em busca de um presente para minha mulher. O que comprar? Procura, fuça lojas e mais lojas e nada do que via me despertava aquela sensação de “achei”... Foi quando minha filha teve a idéia... Passamos em um pet shop e compramos um lindo machinho de Fox Paulistinha. Talvez tenha sido o melhor presente que ela recebeu. Emocionou-se às lágrimas e a ele demos o nome de Toquinho.

Mais algumas semanas se passaram. Quando morávamos em Peruíbe tínhamos um espetáculo de pássaros de vários tipos morando em uma árvore em nosso quintal. Era uma festa todas as manhãs e tardes. Eles estavam tão acostumados conosco que vinham buscar o que comer dentro de nossa cozinha. Aqui em São Paulo isso não existe, e minha mulher ficou com saudades dos passarinhos cantando em nossas janelas todo dia... Bem, para alegrá-la comprei um casal de canários... Como temos o dom, já nasceram três filhotes e todos bem e saudáveis, um mais lindo que o outro... O plano é colocá-los em um amplo viveiro quando voltarmos a Peruíbe é ir adaptando-os à vida em liberdade e por fim dá-la a eles. A esse tempo eles acabarão vindo a fazer parte da nossa fauna voluntária em casa.

Dias atrás percebi que a Bete (a tartaruga) apresentou alguns sinais de falta de apetite e um leve amolecimento da carapaça. Procurei veterinários, mas descobri que há uma carência enorme no mercado. Acabei fazendo uma ampla pesquisa e encontrei a cura. Ela já está bem melhor, comendo como uma louca (como sempre...) e sua casca vai indo bem... Mas acabei esbarrando em um sonho de criança que andava adormecido... Sempre tive vontade de montar um aquário... Pois bem, tomei a decisão de fazê-lo finalmente... Afinal, já estou bem madurinho e se ficar esperando, acabarei nunca fazendo. Plano traçado começa a empreitada... Noites e noites em exaustivas pesquisas, estudando o assunto, buscando informação onde quer que esteja. A internet ajuda muito. Escolha de vidros, móveis, substratos, químicos, estudos sobre equilíbrio químico do aquário, espécies de peixes e plantas, temperaturas, enfim, descobri tratar-se praticamente de uma ciência. Estou preparando-me para acertar na primeira. Não suportaria errar e jogar com a vida desses animaizinhos. Para acalmar minha mulher, que já estava achando que eu estava ficando obcecado pelo assunto, comprei e lhe dei de presente o Beto, um peixe betta azul e branco, lindo! Ela adorou, mas o peixe sobrou para mim mesmo... hehehe!

Quando nada mais se esperava, minha filha foi ao pet shop comprar as rações (são vários tipos, acredite)... Eis que lá estavam duas esquilinhas para doação... Bem... virei criador de esquilos... Agora façam as contas: uma tartaruga, um cachorro, cinco canários, um betta e dois esquilos... é ou não é um zoológico?

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