segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Registro de indignação

Quando eu era criança, minha mãe sempre falava para tomar cuidado com as coisas que dizia, porque era proibido falar mau do governo. Tinha-se que tomar cuidado para não ser preso. Fui ensinado a cantar o hino nacional e o famoso "jingle" do Milagre Brasileiro: "Este é um país que vai pra frente". Conheci Sugismundo, o brasileiro descuidado, que servia para nos educar a jogar o lixo no lixo. Conheci as campanhas "educativas" da "revolução" e aprendi que o exército era amigo e os comunistas comiam crianças. A educação, em geral, era boa, mesmo nas escolas públicas. Sou oriúndo delas e não me sinto prejudicado em relação aos que puderam estudar em colégios pagos. Entretanto, embora a educação fosse bem razoável, éramos tremendamente ludibriados em assuntos que se referissem a situação política do Brasil. Éramos o país do futuro, o gigante adormecido, descoberto acidentalmente por Cabral. O Brasil do céu mais azul, das matas mais verdes, do ouro mais dourado, da Ordem e do Progresso. Os militares eram nossos heróicos defensores e os únicos capazes de escolehr nossos presidentes e governadores. Na verdade, eles também eram os únicos munidos da suprema sapiência capaz de escolehr até mesmo os prefeitos das cidades costeiras, afinal, eram pontos estratégicos. Eles sabiam tudo o que era melhor e saudável para nosso povo. Nossa literatura, nosso humor, nossa música, nosso teatro, tudo elaboradamente filtrado pelos guardiões da integridade nacional. Somente o futebol era liberado e podia ser saboreado livremente, desde que o Presidente da República, o General Ernesto Geisel pudesse escalar a seleção da Copa de 1970.

Por fim, vieram os anos 80 e o exército percebeu que não queria mais dar conta daquilo tudo. Entregou o Brasil aos anistiados, alguns injustamente. Estes voltaram a nossa terra com ideais e idéias novas (outras nem tanto), mas logo se deram conta de algo que os militares haviam plantado e que utilizaram estratégicamente a seu favor. A total desinformação política deste povo. Levaram essa polkítica ao estremo da leviandade, negando até mesmo o mínimo de informação.

Hoje, mais de 30 anos depois, o que temos é um povo desinformado, mal-educado, desinteressado, descompromissado e totalmente inconsciente. Hoje o que vale é a vantagem individual e o coletivo que se dane. A indignação da juventude dos anos 80 deu lugar a um conformismo revoltante. Aqueles que, como eu, mostravam indignação pelo fato de não poderem se exprimir, hoje mostram a mesma indignação por ver o que se fez da liberdade que lutamos para conseguir. Nosso povo perdeu sua identidade, nossos jovens só pensam na balada da noite. Nossa classe política se compraz do efeito entorpecente que as políticas (ou falta delas) educacionais provocaram na população. A família se desintegrou, porque vinha sedo minada desde os tempos da tutela militar. As drogas tomaram o lugar do convívio saudável das famílias. Os pais, escravizados pela opressão da produção pela produção, deixam a educação de seus filhos para as escolas. Estas últimas... bem, quem educa os filhos são os pais, então...

No meio disso tudo, eis que recebo o link para um vídeo criado por um jovem rapaz que, pasmem, mostra uma consciência surpreendente para sua pouca idade e para estes tempos de total abandono de princípios básicos. Ele consegue sintetizar toda indignação que nós, brasileiros que ainda conseguem pensar, ainda conseguem sentir. Embora eu faça a ressalva de que havia como mostrar toda essa indignação sem o uso de tantos palavrões. Não sei de quem se trata, não o conheço ou sigo em twitters ou facebooks da vida, mas consido me solidarizar com o que ele diz. Tomara um dia voltemos a ter uma juventude consciente e disposta a lutar como este rapaz se mostrou. Aproveito para ajudar a divulgar este vídeo.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Nosso Lar

Bem, não é segredo para ninguém, sou espírita e, embora reconheça que esteja um tanto afastado por diversos fatores, entre eles minha própria preguiça (ô defeito complicado de eliminar), não perdi o entusiasmo e nem minha crença nesta maravilhosa filosofia de vida.

Mas o fato é que, finalmente, depois de uma ansiosa espera, no próximo dia 3 de setembro entrará em cartaz o filme "Nosso Lar", que retrata o livro do mesmo nome, psicografado pelo nosso grande médium Chico Xavier. Para quem não sabe, essa obra relata fatos da vida do espírito André Luiz, desde seu desencarne até sua chegada a Nosso Lar, uma cidade espiritual situada próximo a uma grande cidade brasileira, creio eu, o Rio de Janeiro, mas no plano espiritual, e invisível a nossos olhos de encarnados. Nosso amigo, André Luiz nos descreve sua passagem pelo umbral, todo o sofrimento por que passou até a aceitação de sua condição, sua chegada a Nosso Lar, o aprendizado, a dura lição da humildade, que o fez cair em si ao ver que toda a importância que creditava a sua personalidade nada mais era que pura vaidade, os Ministérios e os seres extremamente iluminados que por lá encontrou.

A mim, o que mais impressionou no livro foram os relatos que nos mostram que a vida no lado de lá da fronteira não é tão diferente da que temos aqui, muto pelo contrário, é uma continuidade do que realizamos. Antes de ler o livro fazia uma idéia muito diferente do que poderia encontrar por lá. Imaginava um tipo de vivência totalmente descolada do que experimentamos encarnados... Grande engano...

Enfim, recomendo a todos que reservem algumas horinhas do seu tempo para prestigiar essa obra também no cinema. Já havia visto o trailer na telona, mas pude apreciar melhor os detalhes agora com a publicação também na internet.

Aos amigos, deixo o trailer como aperitivo. Não deixem de ir ao cinema. E quem ainda não desfrutou do prazer de ler o livro, faça-o. Garanto que não irá se arrepender!

Volto comentando o filme após a exibição.



quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Inferno no trânsito

Para quem mora em São Paulo, os congestionamentos diários são tão comuns quanto o cafézinho na lanchonete da esquina, os comentários sobre o futebol no final de semana ou o último escândalo político.

Há quem diga, e dou-lhes razão, que esses congestionamentos são um verdadeiro inferno, onde pagamos nossos pecados do dia a dia. Mas, desde que Dante bem descreveu os círculos infernais, todos sabemos que todo inferno que se preze tem que ter seus demônios, com seus tridentes, chicotes e trombetas (nome bonitinho que ele deu para "peidos"). Eles não poderiam deixar de estar presentes no nosso trânsito, nos fustigando e arrancando lágrimas e ranger de dentes... Ah, nossos demônios, os motoboys...

Desde que tirei minha habilitação, e aí se vão tardos anos, aprendi que as linhas pontilhadas entre as faixas de rolagem servem apenas para dividir as pistas de uma rua, avenida ou rodovia. Nelas sempre foi proibido trafegar. A isso se dá o nome de "corredor", o espaço que se forma entre os carros que rodam pelas pistas de rolagem. Alí o espaço é reduzido e imprevisível, porque os carros tendem a se movimentar de forma desordenada, de acordo com os desvios necessários a que os motoristas trafeguem com segurança, desviando de vários obstáculos, buracos (não poucos) e de um susto ou outro. Esse espaço entre as faixas de rolagem sempre serviu de área de escape para que fugíssemos de um acidente ou desatenção do motorista ao lado. Hoje, absurdamente, os motoboys se apropriaram dessa área, entendendo eles se tratar de pista de sua inteira propriedade, a ponto de impedir a mudança de pistas de um motorista. A imagem que coloco neste artigo ilustra isso muito bem. Hoje é praticamente impossível ao motorista fazer uma conversão de faixa, tal a quantidade e irresponsabilidade desses condutores de motocicletas.

Ai do pobre motorista que simplesmente acionar a seta de seu carro e decidir converter para outra faixa. Terá que ouvir inúmeras e insuportáveis buzinas de motocicletas, xingos, chutes na porta e não raro, verá seu retrovisor sair voando pelos ares.

E se, por uma infelicidade não conseguir enxergar aquele maldito motoboy que se aproxima a toda velocidade, escondido pelo ponto cego do automóvel, que irresponsávelmente ultrapassa pela direita (outra proibição das regras de trânsito, totalmente negligenciada por esses demônios), se por essa infeliz coincidência de fatores ele abalrroar o imbecil motoboy, ele será sempre culpado, condenado a pagar as absurdas indenizações que esse irresponsável vai pedir, e que os intocáveis donos da verdade, os alienados juízes sempre bondosamente concederão (claro, é mais fácil do que pensar).

Acho que já passou da hora de alguém colocar ordem nessa bagunça. O trânsito por si só já é um grande problema, e não precisamos de demônios adicionais para nos atormentar nesse inferno.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Santos, campeão da Copa do Brasil 2010 !!!

Robinho erguendo a taça da Copa do Brasil
E aconteceu de novo! Mais uma final nervosa, disputada em dois jogos e cercada de muita expectativa. Nos últimos jogos o time não vinha se apresentando bem, sofrendo 3 derrotas consecutivas e apenas uma vitória, contra o eterno freguês tricolor. Daí a surgirem as velhas desconfianças da imprensa da capital, viciada em badalar os times locais, foi apenas um passo. E novamente começaram as ladainhas do tipo "teriam os Meninos da Vila amadurecido?" ou "eles tem que provar que suportam a pressão"... Isso três meses depois de ter conquistado um campeonato paulista.

E finalmente chegou a data do primeiro jogo. Foi um verdadeiro massacre. O time do Vitória não pôde sequer tentar uma reação, tamanho o volume de jogo apresentado pelo Peixe. Se o ataque do Santos tivesse convertido todos os gols perdidos nesse jogo, o resultado teria sido facilmente de 7 x 0! Mas o jogo terminou nos 2 x 0, boa vantagem, mas que poderia ter sido muito maior.

E veio o segundo jogo, não sem que antes a mesma imprensa viciada em criar factóides não inventasse mais uma crise, já que as notícias sobre negociação de jogadores e brigas internas já não colavam. E veio a público o vídeo das supostas ofensas de alguns jogadores a torcedores no twittcam. Como não poderia ter deixado de acontecer, o vídeo foi exibido à exaustão em todos os sites e redes de TV. Todos os hipócritas de plantão vieram criticar os jogadores. Onde já se viu!!! Afinal, os jogadores dos outros times são santos beatificados e nunca pensariam da mesma forma... (sic)... No dia do jogo a Globo publicou um vídeo mostrando o que realmente havia acontecido, desmistificando as tais "ofensas a torcedores" e mostrando que tudo não passou de uma exploração desavergonhada de um vídeo descontextualizado. Estranhamente (será?) esse vídeo só foi exibido no site da TV Santos, canal do clube no Youtube. Nenhuma rede de TV ou site jornalístico se interessou por exibir esse conteúdo... Lógico, isso não interessava. 

Mas vamos ao que interessa. E começa a segunda partida e, como esperado, o Vitória veio para a pressão, mas de uma forma que levava apenas um perigo relativo. Lá pelo 18º minuto, Robinho decide chamar o time à razão e pediu que se acalmassem e parassem de simplesmente chutar para o lado que o nariz estivesse apontando. Como em um passe de mágica o Santos passou a tocar a bola como sempre fez e dominou completamente as ações. O Vitória já não chegava mais com tanta frequência e levava praticamente nenhum perigo. Afora um gol bem anulado por impedimento, nada de mais importante foi criado pelo adversário e, aos 44 minutos da primeira etapa, Edu Dracena sobe de cabeça e faz o primeiro gol do jogo. Ao fundo ouve-se o grito da torcida do Santos e no resto do estádio apenas o silêncio de uma torcida atônita. Agora o Vitória teria que mrcar mais 4 gols para ser campeão. A possibilidade de cobrança de pênaltis sumiu diante de seus olhos. Fim de primeiro tempo.

Começa o segundo tempo e o Vitória decide tentar se impor. Inicia alguma pressão, mas o Santos mostra-se extremamente perigoso nos contra-ataques. Primeiro Viáfara, em chute do Ganso e depois Walace, contando conclusão frontal de Marquinhos salvam o time bahiano de uma derrota maior. Pressionando sem muita convicção, finalmente aos 14 minutos o Vitória consegue seu empate. Mais tarde, aos 32 minutos consegue fazer seu segundo gol em falha de Edu Dracena. Mas já eram favas contadas, ou minutos contados, como preferir... E em pouco tempo já se ouviram os primeiros gritos de "É campeão!!!"... Final de jogo, Santos campeão da Copa do Brasil, classificado para a Libertadores, vencedor de tudo o que disputou e rumando para a próxima conquista, o campeonato brasileiro. Quem viver verá...

Sou alvinegro da Vila Belmiro, o Santos vive no meu coração...